sexta-feira, 7 de outubro de 2011

SOCIEDADE

Os pobres que paguem a crise

As notícias ontem vindas a público sobre o OE para 2012 confirmam as piores expectativas: o atual Governo, ao mesmo tempo que não mostra disposição de, como insistentemente o PSD reclamou na oposição e Passos Coelho não menos insistentemente prometeu em campanha, cortar nas famosas "gorduras" da Administração Pública, pretende pôr os mais pobres e necessitados, os doentes sem recursos e, no caso da Educação, o próprio futuro coletivo, a pagar a crise.

A lógica é de elegante simplicidade: a caridade (além do mais, as boas ações têm cotação certa na Bolsa do Céu) substitui com vantagem a Segurança Social que, por isso, poderá bem ficar sem 200 milhões de euros; o SNS sofrerá, sem anestesia, cortes de mais de 800 milhões (o Ministério das Polícias, que terá mais 400 milhões, se encarregará de nos tratar da saúde se necessário); e a Educação, agora por conta de um matemático, há-de ter arte e engenho para poupar 600 milhões (três vezes mais do que previsto no acordo com a "troika"!).

Será, assim, o odiado Estado Social a pagar a fatura das dificuldades do país a quem, bancos, grandes empresas recordistas de despedimentos e os “25 mais ricos” do costume, ganham com elas.

Porque, como em "O dilúvio universal", de Zavattini/De Sica, quando as águas da catástrofe sobem, há sempre quem faça negócio a vender guarda-chuvas ou organize orgias em "penthouses" no terraço e passe o fim dos tempos em beleza.

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